terça-feira, 16 de novembro de 2010

Custos de Produção do Álcool

Os custos de produção do álcool são diretamente ligados à produtividade da lavoura da cana-de-açúcar e ao rendimento industrial do processo de produção do etanol. Nas últimas duas décadas, o desenvolvimento e a implantação de novas técnicas e tecnologias no setor sucroalcooleiro foram os grandes responsáveis pela redução nos seus custos de produção. De 1976 a 1996, os custos de produção do álcool carburante caíram de aproximadamente 90 US$/bep para aproximadamente 45 US$/bep, o que corresponde a uma taxa média de redução de custos na faixa de 2% a 3% a.a..

Os ganhos de produtividade do setor sucroalcooleiro passaram por três fases distintas:

- a partir de 1975, busca por maior produtividade industrial;

- a partir de 1981-82, busca por maior eficiência na conversão de sacarose para o produto final, bem como por reduções de custo;

- a partir de 1985, gerenciamento global da produção agrícola e industrial, incluindo o planejamento e o controle da produção da cana, integrados com a produção industrial.

Para uma melhor eficácia dos programas de desenvolvimento tecnológico, a maior ênfase do setor tem sido na área agrícola, pois essa etapa concentra cerca de 61% dos custos de produção do etanol.

Etapas da Produção:

Na produção de cana (fase agrícola)

A produtividade média da cana-de-açúcar brasileira aumentou de 50 a 60 t /ha em 1975 para cerca de 75 a 85 t /ha em 1996, devido a vários fatores:

- variedades selecionadas de cana-de-açúcar - a Cooperativa de Produtores de Cana, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo Ltda. - Copersucar11 detém o maior programa do mundo para estudos sobre o melhoramento genético da cana, atendendo a aproximadamente 60% da produção de cana do Brasil;

- tecnologia agrícola - destaca-se o princípio do gerenciamento da produção agrícola com a utilização de mapas de solos, usos de imagem de satélite para identificação varietal e aperfeiçoamento do manejo em geral;

- redução do consumo de combustíveis na colheita - em 1996, o consumo era 50% inferior ao de 1991 e havia a previsão de redução de mais 50% nos três anos seguintes, graças à evolução na mecanização da colheita e ao transporte de maior número de toneladas de cana por viagem;

- colheita da cana crua - comercialização de equipamentos para a colheita de cana crua;

- manejo de resíduos agrícolas - aproveitamento do vinhoto e limpeza da cana a seco, sem a necessidade de lavagem; há perdas de 1 a 2% do açúcar, levado pela água quando da lavagem da cana, sendo que quando se adota a limpeza da cana a seco deixa-se de incorrer nessa perda;

- redução da demanda por adubos artificiais - valorização do vinhoto como adubo orgânico, rico em fósforo e potássio.

Na produção de etanol (fase industrial)

Verificaram-se, nos últimos anos, significativos avanços tecnológicos, resultando em um aumento da produtividade média de conversão de cana-de-açúcar em etanol de 75 l / t em 1985 para cerca de 85 l / t em 1996, devido a vários fatores:

- extração do caldo - o índice de extração do caldo na moagem da cana elevou-se de 92%, no início do Proalcóol (1975), para 97%. Por outro lado, com pequenas modificações em equipamentos e no sistema operacional, foi possível elevar a capacidade de moagem em 45%;

- tratamento e fermentação do caldo - primeiramente, controle biológico e, em seguida, fermentação contínua (mais de 230% de produtividade em relação a 1975);

- destilação - aumento da capacidade de acordo com o grau alcoólico da mistura, devido à melhoria nos equipamentos;

- melhorias no campo da energia - na produção de açúcar e do álcool, de 1980 a 1995, o percentual de auto-suficiência em energia elétrica nas usinas passou de 60% para 95%.

Diversas usinas já vendem excedentes de energia para a rede elétrica. Em São Paulo, já há uma potência inicial de 300 MW disponibilizados para o sistema elétrico.

Os preços dos combustíveis no Brasil são determinados pelo livre mercado. Dada a importância do setor e a sua própria natureza, que muitas vezes se afasta dos padrões de concorrência perfeita, as atividades de produção, distribuição e comercialização de combustíveis são reguladas pela Agência Nacional de Petróleo - ANP.

A diferença percentual entre os valores atribuídos ao etanol e ao gasool (gasolina misturada com álcool anidro) entre 1980 e 1997, indica a existência de fases de interesse governamental diferenciado pelo etanol:

- 1980 a 1983 - forte estímulo ao álcool carburante - pressionado por uma crise da balança de pagamentos e pelos altos preços do petróleo importado, o preço do etanol nesse período era cerca de 40 a 45 % inferior ao da gasolina.

- 1984 a 1988 - estímulo moderado ao álcool carburante - interesse interno de controle da inflação e uma redução dos preços do petróleo importado, a partir de 1985, fez com que o preço do etanol nesse período fosse em média 35 % inferior ao da gasolina.

- 1989 a 1996 - fraco estímulo governamental ao programa devido à crise de abastecimento de álcool do fim da década de 1980 e aos baixos preços do petróleo no mercado internacional. No período, a diferença de preços para o consumidor entre o álcool hidratado e a gasolina caiu a níveis inferiores a 20%, tomando-se o preço da gasolina como referência.

- 1997 até os dias atuais - nos anos mais recentes, com a elevação dos preços do petróleo no mercado internacional, a diferença de preços para o consumidor entre o álcool hidratado e a gasolina voltou a se elevar. O retorno dos incentivos ao carro a álcool tem sido debatido13 e os preços crescentes do petróleo no mercado internacional, bem como a realidade cambial, tendem a viabilizar o uso do álcool e também de outros combustíveis renováveis, como o biodiesel.

Durante a década de 1980, o etanol, além de favorecer a redução das importações de petróleo e derivados, foi também um importante produto da pauta de exportações brasileiras. Todavia, a partir de 1989, houve um período de importações líquidas de etanol, em decorrência da crise interna de abastecimento. Nos últimos anos, o balanço voltou a ser de exportações líquidas e há clara tendência de que o Brasil deverá ser um significativo exportador desse produto, devido às vantagens comparativas da produção no país e à adoção de programas de uso do álcool combustível em diversos países como estratégia de melhoria ambiental e redução de emissões.

Alunas:

Ana Maria

Nº 03

Alyara Durante

Nº 44

Dieila da Cás

Nº 12

Tamara Maran

Nº 45


Um comentário:

  1. Segundo Moreira, o álcool combustível possui um custo de produção acima daquele da gasolina (estimado com base nos preços médios de 2005) nos principais mercados, com exceção do Brasil. Isto significa que sua utilização ainda está condicionada à diferenciação no tratamento fiscal em razão de objetivos de política ambiental, agrícola, de comércio exterior ou de segurança energética.

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