terça-feira, 23 de novembro de 2010

Brasil inicia o enriquecimento de urânio em escala industrial

Até 2012, todo o urânio enriquecido utilizado na usina nuclear Angra I, e 20% do combustível para Angra II, será totalmente produzido no Brasil

O Brasil iniciará a produção de urânio enriquecido em escala industrial a partir de fevereiro na unidade de Resende (RJ) das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Utilizando tecnologia totalmente nacional no ciclo do combustível nuclear, a previsão da INB é de que, até 2012, todo o urânio enriquecido utilizado na usina nuclear Angra I, e 20% do combustível para Angra II, seja totalmente produzido no Brasil.
A produção nacional de urânio enriquecido em escala industrial vai trazer ao país uma economia de US$ 25 milhões, o correspondente ao que é gasto para enriquecer o mineral no exterior. De acordo com o diretor de Produção do Combustível Nuclear da INB, Samuel Fayad Filho, o domínio total dessa tecnologia representará “um salto” para o Brasil.
“O grande avanço é que no futuro nós não vamos depender de serviços externos para uma tecnologia importante. Não teremos nenhum problema de alguém fechar a válvula do gás”, afirmou Fayad Filho à “Agência Brasil”, destacando a importância do domínio de todo o ciclo da fabricação do urânio enriquecido para a soberania nacional. Ele lembrou que a “plenitude industrial” vai “agregar valor” ao minério. O diretor da INB informou ainda que está prevista a construção de uma nova fábrica de enriquecimento de urânio até 2015, que servirá para abastecer a futura usina Angra III.
Atualmente o Brasil envia o concentrado de urânio beneficiado, denominado yellow cake”, ao exterior, voltando ao país enriquecido em forma de gás por um consórcio europeu, para depois ser transformado em pó e comprimido em pastilhas para alimentação dos tubos de combustível dos reatores nucleares. Detentor da sexta maior reserva mundial de urânio - com apenas 30% do território prospectado -, o Brasil extrai e beneficia atualmente 390 toneladas de urânio ao ano. Nos próximos anos, uma nova mina deverá ser explorada em Santa Quitéria (CE), complementando a produção atual de Caetité, na Bahia.
A tecnologia para o enriquecimento de urânio, desenvolvida pelo Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP) e pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), é fruto do Programa Nuclear da Marinha, criado no final da década de 70 para o desenvolvimento do submarino de propulsão nuclear.
O presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva - considerado o pai do programa nuclear da Marinha -, durante o 2º Seminário de Energia Elétrica e Crescimento destacou a importância desta tecnologia para o Brasil: “Dominamos todo o ciclo do urânio, assim como o do petróleo. Do ponto de vista da energia nuclear, apenas Estados Unidos e Rússia têm situação semelhante: dominam o ciclo atômico e possuem reservas para atender à própria demanda. Este é um diferencial e uma grande vantagem que o país não pode ignorar”.

A Constituição Federal atribui à União monopólio para lavra, enriquecimento, reprocessamento, industrialização e comércio de minérios nucleares e seus derivados.
http://www.horadopovo.com.br/2009/janeiro/2734-16-01-09/P4/pag4a.htm,


 
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